Alejandro Foxley: “O crescimento econômico por meio da inovação produtiva é a grande questão do futuro”

O ex-chanceler e ex-ministro de Finanças do Chile, Alejandro Foxley, destacou os avanços econômicos e sociais obtidos em vários países da região na última década e considerou que o desafio atual é "percorrer a outra metade do caminho para que se convertam em economias avançadas e democracias maduras", um processo que exige, em sua opinião, dar um salto em inovação produtiva, atrair investimento estrangeiro e aprofundar a integração regional.

"Estamos em um momento no qual é particularmente importante que sejamos capazes de inovar, de ser criativos para dar um novo impulso às economias. O crescimento econômico por meio da inovação produtiva é a grande questão do futuro", afirmou Foxley em uma nova edição do programa "Conversando com o CAF", junto com Enrique García, presidente-executivo do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina.

O ex-chanceler chileno, que atualmente preside a Corporação de Estudos Latino-americanos (CIEPLAN), afirmou que, embora a América Latina esteja inovando muito mais do que em décadas passadas, "é preciso agora dar uma conotação para esta inovação que seja partilhada, especialmente, entre os países que compartilhamos uma mesma região". Nesse sentido, tanto Foxley como García concordaram que a região deve avançar rumo a uma integração produtiva para ser mais competitiva nos mercados globais.

"A pedra angular para obter um alto crescimento, sustentado e eficiente é uma transformação produtiva. E isso é possível com uma verdadeira integração, pragmática, não apenas de governos, mas também de empresas. A integração tradicional é de outra época", declarou o presidente-executivo do CAF.

Foxley concordou sobre a necessidade de aprofundamento desse processo. "Se olharmos para a região temos muitas estruturas de integração juridicamente perfeitas, assinamos tratados e documentos. O que nos falta é um processo de integração real a partir da estrutura produtiva para competir com a Ásia e com as outras regiões do mundo. Temos que ter muitas mais empresas multilatinas", disse Foxley, que aproveitou para destacar a contribuição do CAF e de outras entidades à integração regional em questões de infraestrutura.

Para García, obter uma transformação produtiva é o que permitirá "passar de vantagens comparativas tradicionais com base na matéria-prima pura, para vantagens comparativas dinâmicas e competitivas".

O presidente-executivo do CAF acrescentou que a inovação e a tecnologia desempenham um papel central nesta equação, com a educação sendo um fator fundamental. "É preciso pensar em uma educação do século XXI, não do século XIX", afirmou.

A necessidade de que a região atraia investimentos estrangeiros para poder avançar foi outro dos pontos da conversa. Foxley ressaltou que "a América Latina tem que deixar para trás o preconceito ideológico de que as empresas multinacionais são perigosas". "Temos que trazer os melhores, aprender com eles e seguir adiante", acrescentou.

No âmbito da recente visita histórica a Cuba do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o ex-chanceler chileno considerou que o restabelecimento das relações entre os dois países "é algo que estávamos esperando há muito tempo".

"Sempre achamos óbvio que a única forma para que Cuba sentisse que tinha um lugar verdadeiro na América Latina era que não fosse discriminada em nenhum sentido. Espero que o bloqueio imposto pelo Congresso dos Estados Unidos desapareça o quanto antes", declarou Foxley. O ex-ministro acrescentou que a nova era também representa um desafio para a região. "Para todos nós na América Latina será um desafio, bastante atraente, ir para lá (para Cuba) e também aprender com eles", afirmou.

Para assistir ao diálogo entre Alejandro Foxley e Enrique García acesse o website www.conversandoconcaf.com e o canal do YouTube "Conversando com CAF".