Se a verificação de fatos é antiga, por que pode ser considerada uma inovação jornalística?
A verificação de fatos, também conhecida como fact-checking, tem sido utilizada na imprensa norte-americana desde a primeira metade do século XX com o objetivo de revisar a veracidade dos seus próprios conteúdos.
Portanto, a verificação de fatos é uma inovação jornalística? Pode-se dizer que sim por três razões:
- Aplica-se ao conteúdo de terceiros: se originalmente o jornalismo verificava os dados das suas próprias notícias e reportagens, atualmente o faz com as informações de terceiros para contrastar com as diversas fontes desde o que os políticos dizem até o que se publica em redes de Whatsapp.
- Proporciona um ingrediente novo ao objetivo do jornalismo: no meio de uma aparente explosão de informações falsas e imprecisas, a qualidade do jornalismo passa a apoiar o cidadão na verificação e no consumo crítico de notícias, mensagens e publicações em redes sociais. "O objetivo do jornalismo de hoje é semear a dúvida", resume Daniel Mountain, participante do "Encontro Ibero-americano de Jornalismo Jovem e Empreendedor".
- É um impulso à diversificação de mercado da empresa jornalística: o auge da verificação de fatos levou vários meios a reforçar ou criar unidades para comprovar os fatos, assim como tem sido um estímulo para que haja empreendimentos jornalísticos que se dediquem principal ou exclusivamente a esta atividade.
Na América Latina há vários exemplos de empreendimentos dedicados à verificação de fatos, como Chequeado, na Argentina, Agência Lupa e Aos Fatos, no Brasil,Colombia Check, na Colômbia; ouUYCheck, no Uruguai.
Durante o Encontro Ibero-americano de Jornalismo Jovem e Empreendedor, Olivia Sohr compartilhou a experiência deChequeado. Seu testemunho reflete como a verificação de fatos faz parte da inovação jornalística tanto no aspecto narrativo como no empresarial.
O encontro foi organizado pela Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-americano (FNPI); pela Associação de Jornalistas Europeus (AEJ) e pelo CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina, em parceria com a Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB) e com o apoio do Centro de Formação da Cooperação Espanhola em Cartagena (CFCE).