Desafios para a mobilidade social ascendente na América Latina e no Caribe
15 de dezembro de 2022
Os índices de desigualdade na América Latina e no Caribe estão entre os mais altos do mundo. A desigualdade não se manifesta apenas na disparidade de renda dos cidadãos, mas também está presente em outras dimensões, como educação, posse da terra ou oportunidades de emprego. Essa situação afeta as taxas de crescimento econômico e a estabilidade político-institucional, condicionando a mobilidade social em toda a região.
De acordo com o relatório RED 2022, publicado pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina-, a expansão ocorrida ao longo do século XX em áreas como a educação não foi suficiente para melhorar a situação relativa dos filhos de pessoas menos escolarizadas na América Latina e no Caribe. De fato, a parcela de filhos de pais não universitários que terminam seus estudos é de apenas 10%. No entanto, essa porcentagem não necessariamente alcança progresso semelhante em termos de oportunidades de emprego.
Enquanto os 10% mais ricos da região detêm 55% da renda e 77% da riqueza, os 50% mais pobres detêm 10% da renda e apenas 1% da riqueza. Essa desigualdade é passada de geração em geração. A falta de oportunidades para formar capital humano, obter bons empregos nos mercados de trabalho e acumular ativos são fatores-chave por trás da conexão intergeracional das desigualdades.
O RED, publicado anualmente desde 2004, busca estabelecer linhas de análise que promovam a construção de sociedades mais justas e sustentáveis, alinhadas com nosso objetivo de nos tornarmos o banco verde e de reativação econômica e social da região. Esta missão significa que nos próximos cinco anos mobilizaremos 25 bilhões de dólares em operações verdes, e que nossa carteira verde passará dos atuais 26% para 40% até 2026.
O relatório deste ano utiliza uma série de métricas e variáveis de longo prazo para explicar a mobilidade intergeracional na região e analisa a mobilidade educacional, ocupacional, de renda, de saúde e de riqueza das pessoas de acordo com suas origens socioeconômicas, bem como as oportunidades de formação do capital humano, de acesso a empregos de qualidade e de acumulação de ativos ao longo da vida.
A articulação de agendas vinculadas à mobilidade intergeracional tem o potencial de gerar melhorias em todos os indicadores socioeconômicos da região. Por isso, o CAF trabalha alicerçado em vários eixos baseados no bem-estar social, com foco na igualdade, na inclusão e na diversidade; no aumento da produtividade, na internacionalização e nas finanças sustentáveis e no desenvolvimento de serviços ecossistêmicos que considerem a biodiversidade. Esses pilares também incluem a geração de infraestrutura física e digital para o desenvolvimento regional, a formação de territórios resilientes e sustentáveis e a transição energética.
A geração de mais e melhores oportunidades para diferentes gerações demanda ações transversais que incluam os tomadores de decisão de políticas públicas, mas também empresas, bancos multilaterais e sociedade civil. O futuro dos latino-americanos e caribenhos depende das medidas e intervenções que forem promovidas agora em favor da mobilidade social e do crescimento, da redução das desigualdades e da geração de mais oportunidades para todos.
Christian Asinelli
Vicepresidente Corporativo de Programación Estratégica, CAF -banco de desarrollo de América Latina y el Caribe-
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