A receita para o crescimento econômico está na própria natureza

Um relatório da CAF e do Centro TIDE da Universidade de Oxford apresentado na COP30 propõe colocar a biodiversidade no centro do desenvolvimento e demonstrar que, por meio da ciência e da inovação, ela pode estimular a transformação produtiva na América Latina e no Caribe.

15 de novembro de 2025

A biodiversidade não deve ser vista apenas como um passivo natural a ser conservado, mas como um ativo, o recurso mais crítico disponível para a América Latina e o Caribe. Essa é uma das principais conclusões de um relatório da CAF e do TIDE Centre da Universidade de Oxford apresentado na COP30.

O estudo também afirma que a riqueza natural deve ser entendida como uma fronteira de inovação capaz de gerar transformações estruturais na economia, capacidades científicas, tecnológicas e industriais para fechar as lacunas de produtividade.

"Com este trabalho da CAF e do centro TIDE da Universidade de Oxford, queremos cultivar uma nova visão para transformar a biodiversidade em um fator de desenvolvimento e crescimento econômico", disse Alicia Montalvo, Gerente de Ação Climática e Biodiversidade Positiva da CAF.

"O mundo em desenvolvimento abriga a maior parte da biodiversidade do planeta, que é uma vasta biblioteca de inteligência biológica construída ao longo de 3,4 bilhões de anos de evolução. No entanto, esse patrimônio extraordinário permanece em grande parte inexplorado para o desenvolvimento local e a inovação sustentável", disse Amir Lebdioui, professor do TIDE Centre da Universidade de Oxford.

"Os desafios da região em termos de inovação exigem capital paciente, gerenciamento de riscos e uma visão de longo prazo, e os bancos de desenvolvimento têm um papel importante a desempenhar nesse sentido", concluiu Lebdioui.

O documento descreve como ainda existem armadilhas extrativistas que podem manter a região presa a modelos que priorizam a exploração de recursos naturais para obter rendas de curto prazo, gerando degradação ambiental, perda de capacidades produtivas e dependência de ciclos de preços voláteis. Além disso, a América Latina tem alguns dos níveis mais baixos de investimento em P&D do mundo, com uma média regional de menos de 0,6% do PIB e com mais da metade do esforço financiado exclusivamente pelo setor público, o que limita a criação de capacidades tecnológicas e aprofunda a armadilha da renda média.

Nesse contexto, o documento enfatiza que a inovação bioinspirada oferece a maior oportunidade de transformar a biodiversidade em desenvolvimento. Em vez de extrair recursos, essa abordagem se baseia em aprender com as soluções da natureza para criar tecnologias e produtos mais eficientes. Complementarmente à publicação, a CAF apóia o Nature's Intelligence Studio do TIDE Centre da Universidade de Oxford, também lançado ontem no âmbito da COP30, uma iniciativa que visa acelerar a identificação e o desenvolvimento de soluções bio-inspiradas capazes de responder aos desafios produtivos e ambientais da região.

O documento convida os países da região a adotarem uma agenda de investimentos paciente e transformadora, com um papel de liderança para os bancos de desenvolvimento para fornecer o financiamento necessário, fechar as lacunas de P&D, fortalecer a infraestrutura científica e promover ecossistemas de inovação capazes de converter a biodiversidade em capacidades tecnológicas, empregos de qualidade e prosperidade sustentável.

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