América Latina e Caribe avançam rumo a uma transformação produtiva sustentável com visão territorial

A América Latina e o Caribe estão dando passos firmes em direção a um modelo de desenvolvimento produtivo mais sustentável, resiliente e inclusivo. É o que demonstra o relatório regional “Políticas, estratégias e programas de transformação produtiva sustentável na América Latina e no Caribe”, elaborado pelo CAF, em parceria com a Universidade EIA da Colômbia.

O estudo analisou 567 instrumentos em dez países da região, abrangendo 1.149 intervenções específicas em dez áreas-chave da oferta institucional de apoio ao desenvolvimento produtivo na ALC. O exercício identificou 60 políticas, 70 estratégias e 437 programas nos seguintes eixos temáticos: inovação e mudança tecnológica, encadeamentos produtivos e acesso a mercados, financiamento a MPMEs e práticas empresariais sustentáveis.

Os resultados mostram avanços importantes: 50% dos programas ultrapassam o ciclo de governo, o que reflete uma crescente continuidade institucional; 27% incorporam critérios de sustentabilidade; e 20% adotam uma abordagem territorial, lançando as bases para uma transformação mais equitativa, descentralizada e com foco local.

O estudo destaca avanços significativos em áreas-chave como sustentabilidade ambiental, inovação tecnológica, financiamento, encadeamentos produtivos e fortalecimento institucional. Países como Uruguai (57%), Peru (53%) e Brasil (40%) lideram na incorporação de critérios ambientais em suas políticas produtivas, superando amplamente a média regional de 27%. México e Colômbia se destacam pela abordagem territorial, com 34% e 22% de seus instrumentos, respectivamente, enquanto o Chile sobressai em continuidade institucional, com 74% de seus programas vigentes para além do ciclo de governo.

Sergio Díaz-Granados, presidente do CAF, considerou esse exercício uma valiosa oportunidade de reflexão, com propostas específicas sobre as possibilidades do desenvolvimento produtivo sustentável na América Latina, com enfoque territorial. Também destacou diversos programas de apoio que o CAF vem promovendo para impulsionar o desenvolvimento produtivo na região, entre eles iniciativas de financiamento, assistência técnica e cooperação com os países em todas as áreas temáticas contempladas pelo estudo.

José Manuel Restrepo, reitor da Universidade EIA, ressaltou o caráter propositivo do relatório, resultado da documentação de programas bem-sucedidos de desenvolvimento produtivo sustentável com enfoque territorial nos países analisados. Em particular, citou o Programa Talento Digital do Chile, reconhecido pela OCDE como uma boa prática de cooperação entre o setor público, o setor privado e instituições de ensino voltada ao desenvolvimento das competências digitais demandadas pelas empresas do país. Também mencionou o Programa Fábricas de Produtividade e Sustentabilidade da Colômbia, que se consolidou como uma referência regional, ao reunir setores público e privado para melhorar a competitividade das empresas de bens e serviços por meio da otimização dos processos produtivos e da implementação de práticas sustentáveis.

O relatório também identifica desafios comuns, como a centralização no desenho de políticas, a baixa implementação territorial e a necessidade de fortalecer a continuidade institucional. Apesar disso, os avanços registrados lançam as bases para uma agenda regional mais robusta, com ênfase em inovação, sustentabilidade e integração às cadeias globais de valor.

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