
CAF realiza missão em Uberaba para implantação de programa urbano
20 de maio de 2025
02 de maio de 2016
Uma parte importante do conhecimento necessário para administrar os serviços públicos é criada apenas dentro das agências que a oferece. Na verdade, é aí onde se tomam decisões de forma contínua sobre o uso de recursos, e este fluxo de experiências contém informações fundamentais para gerar aprendizagens sobre a gestão, podendo resultar em melhores serviços públicos.
Assim, é conveniente considerar algumas formas de gerar conhecimento com base na experiência como, por exemplo, nas medições do progresso dos projetos ao longo do tempo, a avaliação dos resultados associados a eles, e as avaliações dos seus impactos, sejam qualitativas ou quantitativas[1]. Neste sentido, a comunidade internacional tem se esforçado para promover a geração de evidências através de avaliações de impacto que são rigorosamente metodológicas, e a tomada de decisões de políticas públicas com base nesta evidência (evidence-based policymaking). No entanto, a generalização dessas práticas continua sendo escassa. Por que isso acontece? Por que, em alguns casos, o Estado não avalia o impacto dos seus programas?
Uma das razões é que a avaliação tem custos e riscos associados que diminuem os incentivos para utiliza-la como uma ferramenta de gestão, o que provoca, geralmente, que ocorram menos avaliações do que seria desejável. Isso significa uma menor geração de conhecimento e, portanto, menos decisões com base em informações credíveis e relevantes. No entanto, mais e melhor informação nem sempre se traduzem em melhores decisões. O processo de inovação política é complexo porque depende de fatores institucionais e conjunturais, e porque envolve muitas partes com interesses que são às vezes divergentes. Isso faz com que poucas inovações surjam a partir da aplicação de aprendizagens derivadas de evidências.
Embora as decisões de mudança ocorram em diferentes níveis, na maioria dos casos, a burocracia é responsável pela execução e acompanhamento dos programas públicos, assim como de administrar a prestação de serviços. Portanto, compreender as decisões da gestão que são tomadas no setor público passa por entender a burocracia.
É claro que se o burocrata soubesse que a sua decisão de mudança levaria a uma maior prosperidade, sempre tomaria a decisão adequada: mudar quando as condições estão em vigor e não mudar em caso contrário. No entanto, não há certeza de que a mudança seja efetivamente benéfica já que podem existir fatores externos que impeçam a realização do objetivo desejado. Por exemplo, uma mudança inesperada de funcionários fundamentais para realizar uma inovação pode reduzir o apoio político e orçamentário para a proposta e, portanto, diminuir sua probabilidade de sucesso. Assim, ao tomar a decisão de mudar, o burocrata enfrenta o risco de gastar recursos significativos e até mesmo deslegitimar sua instituição. Se o burocrata decide mudar quando não é possível, ou se não detecta a necessidade e a possibilidade de mudar quando deveria fazê-lo, a sua má decisão pode levar a serviços de pior qualidade e, portanto, reduzir sua probabilidade de ser promovido.
O gráfico a seguir apresenta algumas correlações que mostram possíveis determinantes da motivação para inovar (Painel 1) e da percepção com relação à receptividade de uma instituição às propostas de mudanças (Painel 2), segundo o cargo do trabalhador e o setor ao qual pertence . O Painel 1 mostra que ser chefe está associado a uma maior motivação para inovar; não parece haver uma diferença importante nesta motivação entre os setores público e privado; e ser chefe não está associado a uma maior motivação para a mudança por estar no setor privado, ao menos não de uma forma estatisticamente significativa. O Painel 2 mostra que os chefes do setor privado têm uma maior probabilidade de perceber uma boa disposição para a mudança em suas unidades de trabalho.
Motivação para fazer sugestões de melhoria e disposição da área para aceitar novas ideias.
Diferenças na probabilidade por setor e posição a/ b/
a / O gráfico mostra os coeficientes e os intervalos de confiança de cerca de 90% por mínimos quadrados ordinários. Para o painel esquerdo se utilizou como variável dependente a pergunta: quanto está de acordo com que você faça sugestões de melhora? E para o da direita: quanto está de acordo com que em sua área de trabalho as novas ideias são aceitas? As resposta em ambos os casos assumem valores de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente). Os pontos representam a diferença nos valores desta variável entre cada grupo e a linha vertical é o intervalo de confiança da diferença estimada. Na regressão controlou-se por cidade e por nível de escolaridade.
b / As cidades incluídas na pesquisa são Buenos Aires, La Paz, São Paulo, Bogotá, Quito, Cidade do México, Cidade do Panamá, Lima, Montevidéu e Caracas.
Fonte: Elaboração própria com dados da Pesquisa CAF 2014.
A Colômbia já começou a dar os primeiros passos rumo a uma cultura de aprendizagem e avaliação de programas. O país conta com o Sistema Nacional de Avaliação de Gestão e Resultados (SINERGIA), criado em 1994 a partir do Plano Nacional de Desenvolvimento, com o objetivo de gerar as informações necessárias para o cumprimento das metas do plano, que é renovado a cada quatro anos. As políticas a ser avaliadas são definidas pelo Comitê Intersetorial de Avaliação, Gestão e Resultados, e as avaliações são realizadas por terceiros, que são contratados através de um sistema competitivo de licitação. SINERGIA também proporciona supervisão técnica para a avaliação e publica um documento com os resultados obtidos em cada caso, que podem ser consultados em seu website.
O Relatório de Economia e Desenvolvimento 2015 (RED), elaborado pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina-, apresenta evidências de um diagnóstico do estado do monitoramento e da avaliação de políticas públicas na região e, depois, analisa, em primeiro lugar, o processo através do qual a experiência se converte em conhecimento a partir da perspectiva dos que decidem e atuam na administração pública, enfatizando os incentivos e os riscos políticos que enfrentam. Em segundo lugar, explora como essa aprendizagem pode se converter em inovações de gestão pública - novas formas de fazer as coisas - identificando os fatores institucionais que podem favorecer esse processo. A aspiração é contribuir para uma reflexão sobre o desenvolvimento de instituições públicas capazes de aprender sobre o que fazem e não desperdicem a aprendizagem.
________________________________________
[1] As avaliações de impacto diferem das avaliações de resultados em que buscam quantificar a parte do resultado observado que se pode atribuir com confiança ao projeto ou à política.
20 de maio de 2025
19 de maio de 2025
13 de maio de 2025