CAF estreia o documentário "Lafkenche" sobre conhecimento ancestral na COP 30

A comunidade Lafkenche, na região da Araucanía, no Chile, tem mantido historicamente uma relação simbiótica com o mar, os rios e o litoral. No entanto, sua cultura tem sido silenciada há décadas, afetada por práticas extrativistas e pela proibição de seu idioma, cerimônias e expressões culturais ancestrais.

O documentário "Lafkenche", apresentado pela CAF na COP30, documenta essa realidade por meio dos depoimentos de seus anciãos, portadores de conhecimentos que correm o risco de desaparecer devido ao isolamento geográfico e social da comunidade.

"O curta-metragem documenta o conhecimento, as cerimônias e os testemunhos da comunidade de Lafkenche, a fim de preservá-los e transmiti-los às gerações futuras. Com essas histórias, queremos divulgar mensagens de respeito à natureza e práticas de conservação como respostas aos desafios climáticos e, ao mesmo tempo, tornar visíveis as ameaças enfrentadas pelos povos indígenas", disse Fernando Ehlers, executivo sênior de comunicações da CAF e diretor do documentário.

Panchita Calfin, líder espiritual e mulher medicinal Lawentuchefe, disse que "do planeta há uma avó que reza pelos senhores e cuida dos senhores. Assim como meus avôs e avós, meus pais e mães rezaram por todo o planeta. Não somos donos de nada, vivemos neste planeta por empréstimo".

Entre os palestrantes na apresentação do documentário estava Josefina Klinger, líder ambiental do Chocó colombiano e diretora da fundação Mano Cambiada, que disse que "chegou a hora de saber que somos parte de um todo. A forma do recipiente não importa; temos que voltar à forma do espírito".

Gunna Chaparro, líder da comunidade Arhuaca da Sierra Nevada de Santa Marta, Colômbia, e uma das protagonistas de "Hermanos Mayores", o primeiro documentário da série "Saberes Ancestrales", também participou, defendendo a silenciosa, porém presente, liderança indígena feminina ao longo dos séculos.

Essa iniciativa da CAF enfatiza o papel dos povos indígenas na gestão de ecossistemas estratégicos, como a Patagônia e a Corrente de Humboldt, ao mesmo tempo em que posiciona a CAF como um Banco de Crescimento Verde e Sustentável, promovendo agendas de diversidade, inclusão e economia azul.

Por meio do "Lafkenche", a instituição documenta um patrimônio cultural de valor inestimável e reconhece o papel dos povos indígenas como guardiões de ecossistemas estratégicos e detentores de uma sabedoria ancestral de grande relevância para a região e o planeta.