Timbiquí, origem do plano de escolas modulares para áreas rurais

O Presidente da CAF, Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe, Sergio Díaz Granados, diz que, seguindo as necessidades do governo colombiano, começou a trabalhar com sua equipe para tornar realidade o objetivo de levar educação de qualidade às áreas mais remotas do país, que no início de 2024 teve seu primeiro sucesso com a entrega das novas instalações da Instituição Etnoeducacional Puerto Saija à comunidade da vila de Isla Los Brazos, no município de Timbiquí (Cauca).

Essa população da área costeira do sudoeste do Pacífico colombiano, cujas rotas de transporte e abastecimento são o mar e três rios, foi afetada em muitos momentos de sua história recente pelo conflito interno da Colômbia. Agora, ela é beneficiária do projeto-piloto de escolas modulares, que tem como objetivo criar uma sociedade resiliente e fechar as lacunas sociais.

Nessa área de difícil acesso da Colômbia, muitas instituições educacionais não têm infraestrutura suficiente para garantir educação básica de qualidade, alimentação escolar ideal e estradas de acesso adequadas. De acordo com dados oficiais, eram necessárias mais de 300 salas de aula em Timbiquí para corrigir um déficit de 50% na oferta educacional.

A escola rural Los Brazos foi equipada com três salas de aula modulares - estruturas altamente duráveis e fáceis de montar com água potável, saneamento e fornecimento de energia - um refeitório, uma sala de professores, uma bateria de banheiros e uma cozinha. Além disso, foram melhoradas sete salas de aula existentes, uma quadra poliesportiva e as passarelas de palafitas do píer que dá acesso à escola. No total, 440 m² de nova infraestrutura e mais de 400 m² de infraestrutura existente foram melhorados.

Isso garantiu a 132 crianças e jovens um espaço educacional com condições mais agradáveis para seu desenvolvimento acadêmico. O investimento foi de 3,6 bilhões de pesos colombianos (COP), cerca de 900.000 dólares americanos atualmente, e foi estruturado com base em um diálogo contínuo com os professores e a direção da escola, líderes comunitários e as famílias dos alunos.

O sistema de escolas modulares permite a construção de centros educacionais de primeira classe, com altos padrões de qualidade em termos de infraestrutura, e contribui para o objetivo de expandir a cobertura do sistema educacional em todos os territórios.

Díaz Granados descreveu o projeto educacional como "uma ótima notícia para a Colômbia e para a América Latina e o Caribe, pois resolve um dos principais problemas para levar educação de qualidade às áreas de acesso mais difícil".

"Levando em conta que 46,8% das propriedades do país estão a mais de dez horas da cidade mais próxima e 65,4% estão a mais de duas horas das estradas principais, esse projeto marca um avanço significativo no acesso equitativo à educação", disse Rodrigo Peñailillo, representante da CAF na Colômbia.

Essa será a primeira de uma série de escolas modulares na Colômbia, projetadas especificamente para superar as barreiras de conectividade em áreas rurais. Após esse teste piloto, a CAF e o Ministério da Educação lançaram o "Programa de transformação de ambientes e espaços educacionais", que contempla a intervenção em aproximadamente 126.746 m² de infraestrutura educacional rural, dividida na construção de dois novos centros de ensino superior (técnico, graduação e pós-graduação) e na melhoria de 790 centros educacionais de pré-escola, ensino fundamental e médio.

A iniciativa está alinhada com o Plano Nacional de Desenvolvimento "Colômbia, uma potência mundial para a vida", que tem como objetivo aumentar a cobertura do ensino superior de 54% para 62% e aumentar a taxa de transição para o ensino superior em áreas rurais de 23% para 26%.

Outro benefício do programa é seu foco em gênero, inclusão e sustentabilidade ambiental, incorporado aos projetos a serem implementados.

Para Peñailillo, a participação conjunta do Ministério da Educação, da CAF e das comunidades locais demonstra a importância das alianças interinstitucionais para combater as desigualdades. "Esse esforço não se concentra apenas na melhoria da infraestrutura educacional, mas também contribui para fechar as lacunas socioeconômicas, garantindo que o acesso à educação seja um direito universal, independentemente da localização geográfica ou do nível socioeconômico.