CAF e CEPAL fortalecem cooperação pelo desenvolvimento na América Latina e no Caribe

06 de março de 2023

O Banco de Desenvolvimento da América Latina e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) das Nações Unidas assinaram um Memorando de Entendimento para articular ações conjuntas que promovam a integração, a recuperação econômica e o desenvolvimento sustentável da região.

O CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) das Nações Unidas assinaram hoje um Memorando de Entendimento com o objetivo de fortalecer a cooperação entre as duas organizações a fim de promover o desenvolvimento econômico sustentável na região. A assinatura ocorreu no âmbito da 177ª reunião do Conselho de Administração do CAF, que acontecerá no dia 7 de março em Santiago, no Chile.

"O CAF e a CEPAL são duas organizações muito dedicadas a promover o desenvolvimento econômico e social na América Latina e no Caribe. Nos últimos anos, iniciamos laços de cooperação muito fortes que queremos promover e fortalecer com a assinatura deste documento. Estamos orgulhosos de nosso trabalho conjunto e pretendemos continuar gerando iniciativas que beneficiem toda a região", admite o presidente-executivo do CAF, Sergio Díaz-Granados.

"Quero destacar e reconhecer a importância da aliança entre o CAF e a CEPAL que estamos formalizando hoje com a assinatura deste Memorando de Entendimento. Duas instituições comprometidas com o desenvolvimento da região decidem unir capacidades, esforços e buscar sinergia no exato momento em que os países da América Latina e do Caribe estão sendo atingidos por uma sequência em cascata de crises que exacerbaram desigualdades e criaram situações dolorosas para grandes grupos da população. Essa situação impele tanto a nós quanto ambas as instituições a unir forças em prol da nossa região!", afirma o secretário executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs.

Com o acordo, ambas as organizações buscam estabelecer um marco geral de cooperação que promova ações conjuntas em prol da integração regional e do desenvolvimento sustentável da América Latina e do Caribe. Dessa forma, o CAF e a CEPAL se comprometeram a trabalhar juntos para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030. Também pactuaram pela luta contra as alterações climáticas, com especial ênfase na prevenção e gestão de catástrofes, por iniciativas para a conservação do capital natural, por políticas sociais, de género e de igualdade, pela transição energética, pela integração regional e comércio e financiamento do desenvolvimento, entre outros.

O Memorando contempla a troca de informações e conhecimentos entre as organizações, o desenvolvimento de eventos conjuntos e a elaboração de uma Conferência Anual CAF-CEPAL, atividades de pesquisa e publicações coletivas, a organização de experiências de treinamento, entre outros.

A assinatura ocorreu no âmbito das atividades relacionadas à 177ª reunião do Conselho de Administração do CAF, que será realizada pela primeira vez no Chile de 6 a 9 de março, nas instalações da CEPAL. Duas reuniões conjuntas de alto nível também foram realizadas durante a jornada e contaram com a participação de ministros e autoridades de vários países da região, bem como personalidades e especialistas reconhecidos de organizações internacionais e multilaterais.

A primeira delas foi a de "Políticas públicas e cooperação para a igualdade de gênero”, inaugurada pelo secretário-executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs; o presidente-executivo do CAF, Sergio Díaz-Granados; a subsecretária de Mulheres e Equidade de Gênero do Chile, Luz Pascala Vidal Huiriqueo; e contou com um discurso magistral de Michelle Bachelet, ex-presidenta do Chile, ex-presidenta pro tempore da UNASUL e da Aliança do Pacífico, ex-diretora executiva da ONU Mulheres e ex-alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

No evento, os participantes concordaram que a democracia paritária está muito longe de ser cumprida na América Latina e no Caribe, por isso pediram mais cooperação, mais integração, mais financiamento, mais mulheres e homens comprometidos com a igualdade de gênero na tomada de decisões.

Enquanto isso, em seu discurso de abertura, a ex-presidenta chilena Michelle Bachelet enfatizou que "a igualdade de gênero não é uma questão de uma política em especial, é uma urgência que nossos países devem examinar constantemente. Mas como são tomadas as decisões? Se dermos migalhas de poder às mulheres, estaremos condenadas a colocar um teto em nosso desenvolvimento".

O painel de discussão foi composto por Renata Vargas Amaral, secretária de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento do Brasil; Claudia Sanhueza Riveros, subsecretária de Finanças do Chile; Luz Pascala Vidal Huiriqueo, subsecretária de Mulheres e Equidade de Gênero do Chile; Michelle Muschett, secretária-geral adjunta, administradora adjunta e diretora do Escritório Regional do PNUD para a América Latina e o Caribe; e Carolina Leitao, presidente da Associação Chilena de Municípios e prefeita de Peñalolén. María José Torres, coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas no Chile, e Alejandra Claros Borda, secretária-geral do CAF, ficaram à frente do encerramento.

Foi realizada à tarde a "Conferência CAF-CEPAL: repensando a descentralização", que também foi inaugurada pelos altos executivos de ambas as entidades, e incluiu um diálogo de alto nível sobre os desafios da descentralização com base na Agenda 2030 e contou com a participação de Nicolás Grau, ministro da Economia, Desenvolvimento e Turismo do Chile; José Antonio Ocampo, ministro das Finanças e do Crédito Público da Colômbia; e Renata Vargas Amaral, secretária de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento, Ministério do Planejamento e Orçamento, Brasil. A reunião terminou com as reflexões de Christian Asinelli, vice-presidente corporativo de Programação Estratégica do CAF, e José Manuel Salazar-Xirinachs, secretário-executivo da CEPAL.

Os palestrantes abordaram as sérias desigualdades territoriais que ainda existem na região e que exigem melhor acesso a oportunidades e financiamento para o desenvolvimento de iniciativas e políticas públicas em âmbito local e subnacional. Mesmo com os progressos em vários países, como os marcos fiscais e políticos, continua sendo necessário melhorar as capacidades locais e a educação, entre outras áreas. Nessa quesito, os palestrantes observaram que as políticas de desenvolvimento produtivo podem ser construídas de baixo para cima, não apenas a partir dos governos centrais, e que o diálogo entre os diferentes atores são eixos fundamentais.

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