Segurança nos espaços públicos: experiências latino-americanas e estratégias de aprimoramento

Com o objetivo de disseminar boas práticas de segurança cidadã em uma perspectiva territorial, com destaque para prevenção e foco transversal na igualdade de gênero, o CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- organizou uma jornada virtual de intercâmbio sobre segurança em espaços públicos, em que estratégias e casos de sucesso foram apresentadas para enfrentar o problema da insegurança, associada ao crime e à violência. O evento contou com a presença de especialistas do banco de desenvolvimento, além de consultores internacionais, autoridades locais e representantes de organizações da sociedade civil de diversos países da região.

Este foi o segundo encontro no âmbito do Ciclo Anual de Conversas “Cidades Mais Seguras”, por meio do qual o CAF visa a fortalecer o conhecimento dos governos locais sobre metodologias e boas práticas em segurança cidadã, com foco na prevenção e liderança local, incorporando a perspectiva de gênero.

Na apresentação, Pablo López, coordenador da iniciativa Cidades de Futuro, destacou que o temor quanto à criminalidade costuma ser uma barreira muito importante para a inclusão social e a produtividade urbana, duas dimensões que o CAF promove nas cidades, e que essas trocas permitem a reflexão dos gestores e especialistas sobre soluções eficazes para quebrar essa barreira. Da mesma forma, Guadalupe Aguirre, especialista em segurança cidadã, especificou que o CAF atua promovendo o planejamento e a prevenção em segurança cidadã, visando ao aprimoramento das políticas nessa área. Nesse sentido, destacou que o problema é abordado a partir de duas dimensões fundamentais: “tanto na visão objetiva do que realmente acontece, quanto na dimensão subjetiva da segurança, que é como vivemos e nos sentimos nas cidades e com relação ao temor quanto à criminalidade de que muitas vezes somos vítimas no dia a dia”.

Por sua vez, Tobías Schleider, consultor e especialista internacional em segurança democrática, explorou a oportunidade que os governos locais têm de elaborar políticas públicas de prevenção à violência e à criminalidade, a partir do conhecimento popular sobre a insegurança nos espaços públicos. “Sabe-se hoje, por meio de uma série de meta-análises desenvolvidas por universidades de várias partes do mundo, que, se as estratégias de erradicação da criminalidade em áreas específicas da cidade forem adequadas, longe de deslocar os problemas, são difundidos os benefícios do local de aplicação central das políticas aos entornos”. Dessa forma, “é gerado um círculo virtuoso, pois os vizinhos se sentem mais seguros e colaboram na prevenção, dando feedback positivo ao sistema”, garantiu.

O evento contou ainda com a participação de Macarena Rau, arquiteta especializada em projetos ambientais para prevenção à criminalidade e presidente da CPTED Internacional; Gustavo Restrepo, arquiteto e urbanista especializado em planejamento social urbano; Mariana Alegre, coordenadora geral do Observatório Cidadão Lima Cómo Vamos (Peru); Samuel Dias, secretário de Infraestrutura de Fortaleza (Brasil); e Luisa Bibiana Rubio, gerente do Programa “Ciempiés Caminos Seguros” (Bogotá, Colômbia).

Considerando a análise de casos específicos nas cidades de Lima, Fortaleza e Bogotá, o debate destacou que os programas de prevenção à criminalidade devem incorporar a inclusão, o acesso à justiça, a reintegração, a acessibilidade aos serviços básicos e o fortalecimento do tecido social, como estratégias fundamentais para o crime e a prevenção da violência. Nesse sentido, o CAF encontra-se em fase final de edição de seu Guia para Cidades Mais Seguras, concebido como uma ferramenta a serviço dos governos locais, que sistematiza conceitos, evidências, experiências promissoras, lições aprendidas e boas práticas em políticas para reduzir a criminalidade, a violência e o medo do crime.

Mais informações sobre a iniciativa Cidades com Futuro:

Cidades com Futuro busca promover e fortalecer um modelo de gestão urbana eficiente, focado na melhoria do acesso às oportunidades, de forma a contribuir para maior produtividade e inclusão social, considerando a sustentabilidade ambiental e a equidade de gênero como eixos transversais, nas cidades da América Latina.

Saiba mais sobre o trabalho do CAF nesta temática e conheça propostas de soluções urbanas es estratégias para melhorar a qualidade de vida na região.