Cidades latino-americanas respondem às mudanças climáticas

10 de janeiro de 2022

“Visiones del Desarrollo” é uma seção oferecida pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- que analisa os principais temas de desenvolvimento da região. Os artigos contidos nessa seção são publicados simultaneamente nos principais meios de comunicação da América Latina.

Cidades latino-americanas respondem às mudanças climáticas

A civilização escolheu, em sua maioria, se estabelecer nas cidades. Atualmente, a vida de 55% da população mundial ocorre nos centros urbanos e há, no planeta, 36 cidades com mais de 10 milhões de habitantes. Para contextualizar esses números, no auge do Império Romano, sua capital tinha pouco mais de um milhão de habitantes.

Na América Latina e Caribe, essa maioria é ainda mais esmagadora: aqueles que optam por morar em cidades representam 80% da população, tornando-a a segunda região mais urbanizada, um pouco atrás da América do Norte. Esse processo de urbanização, recente e crescente, gerou grandes problemas, como assentamentos informais ou a criação de bolsões de pobreza, mas deixa uma realidade inquestionável: qualquer solução para os grandes desafios da humanidade passa, inevitavelmente, pelas cidades.

Portanto, para combater as mudanças climáticas, cujas consequências serão mais drásticas em regiões em desenvolvimento, como a América Latina e o Caribe, as cidades devem adotar medidas urgentes de adaptação e mitigação e promover a conservação e o uso sustentável da biodiversidade no planejamento e no ordenamento urbano.

Isso significa transformar as cidades em espaços que convivem harmoniosamente com a natureza, por exemplo, por meio de parques, jardins, infraestruturas resilientes e ecologicamente corretas, florestas urbanas, sistemas de transporte limpos, entre outras atividades que contribuam para a integração dos recursos naturais e para a promoção de uma atividade socioeconômica com baixa emissão de gases poluentes. O valor adicional desses investimentos é que melhoram substancialmente a qualidade de vida dos cidadãos.

“As mudanças climáticas e a poluição ambiental são fenômenos que condicionam as agendas de nossas cidades. Para enfrentá-los, é necessário que os governos locais contemplem e integrem o cuidado com a biodiversidade, o desenvolvimento das infraestruturas e o crescimento urbano em geral em seus planos de desenvolvimento urbano e na legislação que deles deva derivar”, afirma Pablo López, coordenador da iniciativa Cidades com Futuro, do CAF.

Segundo López, começa a se formar um consenso crescente entre os prefeitos latino-americanos para estabelecer um modelo de crescimento urbano em harmonia com o cuidado com a biodiversidade e o meio ambiente em geral. Prova disso é a declaração recentemente assinada pelos prefeitos de oitocidades da região para promover um novo conceito de adaptação das cidades às mudanças climáticas: o da sbiodivercidades. As cidades que firmaram tal declaração foram: Barranquilla (Colômbia), Córdoba (Argentina), Lima (Peru), Luján (Argentina), Maldonado (Uruguai), Niterói (Brasil), Timbiquí (Colômbia), Ushuaia (Argentina).

O conceito de biodivercidade nasce da necessidade de incorporar de forma efetiva e abrangente as biodiversidades local e regional no planejamento urbano, como eixo e instrumento essencial do desenvolvimento socioeconômico. A iniciativa biodivercidades, coordenada pelo Instituto Alexander von Humboldt de Colombia y el Fórum Econômico Mundial, reúne os governos das diferentes cidades do país, empresas e sociedade civil para construir um futuro em que a natureza beneficie as cidades e as cidades beneficiem a natureza.

Segundo Jaime Pumarejo, prefeito de Barranquilla, o objetivo da cidade “deve ser a conservação do meio ambiente, de nossas belezas naturais, sem perder de vista essa corrida e esse entusiasmo pela redução das emissões de carbono. É um chamado à ação por meio do nosso exemplo para que o resto do mundo sinta pena de não dar esse passo que estamos dando”.